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Pfas agua: desafios no monitoramento, remoção em estações de tratamento e implicações regulatórias para a indústria

Pfas agua: desafios no monitoramento, remoção em estações de tratamento e implicações regulatórias para a indústria

Pfas agua: desafios no monitoramento, remoção em estações de tratamento e implicações regulatórias para a indústria

Se você trabalha com tratamento de água, efluentes ou utilidades industriais, provavelmente já ouviu o termo “PFAS” surgindo em reuniões de segurança, auditorias ou discussões regulatórias. E quase sempre vem acompanhado de três reações: preocupação, dúvida e a pergunta inevitável: “isso já me afeta na prática ou ainda é assunto de laboratório e legislação futura?”.

A realidade é que o tema PFAS está saindo rapidamente do campo acadêmico e entrando no dia a dia das operações industriais, das estações de tratamento e das áreas de EHS, qualidade e compliance. Ignorar agora significa correr o risco de ter custos mais altos, surpresas em auditorias e até paralisações de operação no médio prazo.

O que são PFAS e por que preocupam a indústria

PFAS (substâncias per e polifluoroalquil, em inglês Per- and Polyfluoroalkyl Substances) formam uma grande família de compostos sintéticos usados há décadas em aplicações como:

Por que se tornaram um problema?

Na prática, isso se traduz em risco de:

Para o responsável de ETA/ETE ou de utilidades, a pergunta-chave passa a ser: meu sistema atual de monitoramento e tratamento consegue lidar com PFAS ou estou “cego” para esse risco?

Desafios no monitoramento de PFAS em água

Diferentemente de parâmetros clássicos (DQO, DBO, metais, cloretos etc.), monitorar PFAS traz desafios específicos.

1. Concentrações extremamente baixas

Os limites regulatórios frequentemente estão na casa de ng/L (nanograma por litro), ou seja, partes por trilhão (ppt). Isso exige:

2. Risco de contaminação cruzada nas amostras

Muitas fontes comuns podem contaminar a amostra e “falsear” o resultado, por exemplo:

Por isso, é essencial seguir protocolos específicos recomendados pelos laboratórios especializados (uso de frascos adequados, evitar teflon, evitar certos tipos de plásticos, entre outros).

3. “PFAS total” x lista de compostos individuais

Outra dificuldade é decidir o que medir. Existem centenas (talvez milhares) de compostos PFAS. Reguladores e empresas costumam trabalhar com:

Na prática industrial, a estratégia mais comum tem sido:

4. Onde monitorar na planta?

A escolha de pontos de amostragem faz diferença para entender a “história” dos PFAS no seu sistema. Alguns pontos típicos:

Um erro comum é medir apenas na saída da estação. Quando o resultado já aparece acima de limites, você perdeu a chance de entender onde está a principal fonte interna e o que pode ser ajustado no processo.

Tecnologias de remoção de PFAS em estações de tratamento

Se o desafio de monitorar já é grande, remover PFAS da água é ainda mais crítico. Os tratamentos convencionais (floculação, decantação, filtragem rápida, lodo ativado, lagoas) têm eficiência muito baixa para a maior parte desses compostos.

Hoje, a abordagem mais realista é dividir em dois níveis:

Vamos às principais tecnologias aplicáveis na prática industrial e em ETAs/ETEs avançadas.

Carvão ativado granular (CAG)

É hoje uma das soluções mais utilizadas para PFAS de cadeia longa (como PFOA e PFOS):

Limitações:

Resinas de troca iônica

Resinas especialmente desenvolvidas para PFAS têm ganhado espaço, pois:

Por outro lado:

Membranas (nanofiltração e osmose reversa)

Para aplicações de água potável, reuso industrial de alta qualidade ou água de processo crítica, sistemas de membranas podem oferecer:

Entretanto, é fundamental lembrar:

Processos emergentes: destruição de PFAS

Várias tecnologias estão em desenvolvimento para a destruição química dos PFAS, como:

A maioria ainda está em estágios de demonstração ou piloto, com desafios de custo, escala e segurança. Porém, a tendência clara é combinar:

Impactos operacionais e de custo para estações de tratamento

Para muitas empresas, a pergunta prática não é se PFAS é um problema ambiental, mas sim: quanto isso vai custar para a minha operação?

Algumas frentes de impacto:

1. Investimento em polimento adicional

Se a água de processo, potável ou o efluente tratado precisar atender a limites específicos de PFAS, provavelmente será necessário:

2. Custos recorrentes de reposição de meios

Carvão ativado e resinas têm vida útil finita, que depende:

Ignorar o efeito de outros contaminantes competindo por adsorção é um erro clássico que reduz muito a eficiência e a vida útil dos meios.

3. Geração de novos resíduos perigosos

Ao “tirar” PFAS da água, estamos concentrando essas substâncias em:

Isso implica:

4. Risco de retrabalho e paralisações

Esperar o tema “estourar” na sua região para agir pode significar:

Por outro lado, quem antecipa o diagnóstico consegue planejar investimentos, testar tecnologias em piloto e negociar melhor com fornecedores e órgãos ambientais.

Cenário regulatório: Brasil, EUA, Europa e tendências

O cenário regulatório para PFAS está evoluindo rapidamente em todo o mundo, e isso impacta diretamente a indústria e os operadores de sistemas de tratamento.

Estados Unidos

União Europeia

Brasil

O Brasil ainda está em fase inicial na regulamentação específica de PFAS, mas o movimento é claro:

O que isso significa para quem está no chão de fábrica ou na operação de ETA/ETE?

Como as indústrias podem se preparar na prática

Transformar o tema PFAS em ações concretas exige uma abordagem estruturada. Abaixo, um roteiro prático que pode ser adaptado à realidade de cada planta.

1. Mapeie potenciais fontes internas de PFAS

2. Avalie seus pontos de vulnerabilidade na água

3. Estruture um plano inicial de monitoramento

4. Teste tecnologias em escala piloto antes de investir pesado

5. Integre PFAS à sua gestão de risco e compliance

6. Prepare comunicação com stakeholders

PFAS na água: de “assunto de futuro” a variável de projeto hoje

PFAS deixaram de ser curiosidade acadêmica e passaram a ser uma variável de projeto em sistemas de tratamento de água e efluentes, especialmente em setores como:

Para quem projeta, opera ou gerencia essas instalações, o caminho mais seguro é:

Em outras palavras: PFAS são um desafio técnico, mas também uma oportunidade de elevar o nível de controle de qualidade e de gestão ambiental da sua planta. Quem começar a tratar desse tema agora estará em posição muito mais confortável quando as exigências regulatórias apertarem – e isso é uma questão de “quando”, não de “se”.

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